Carbono e Real Estate Rural: A Nova Fronteira de Valorização de Fazendas no Brasil

Por Alexandre Trevizan, CEO da RE/MAX AGRO Tempo de Leitura: 4 min   Como CEO de uma das principais empresas especializadas em compra e venda de grandes propriedades rurais no Brasil, tenho observado uma transformação profunda no mercado imobiliário rural. Nos últimos 24 meses, uma nova variável entrou definitivamente na equação de valor das fazendas: o potencial de geração de créditos de carbono.   O que antes era apenas conversa de nicho virou realidade com a Lei 15.042/2024, sancionada em dezembro, que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Segundo o Ministério da Fazenda, a nova legislação permite que emissões de gases poluentes se revertam em ativos financeiros negociáveis, atraindo investimentos. Agora temos segurança jurídica, e isso muda tudo no real estate rural.     O Novo Paradigma de Valorização Patrimonial O mercado de terras agrícolas no Brasil tem mostrado valorização consistente nos últimos anos. Com a regulamentação do mercado de carbono, propriedades com potencial comprovado de geração de créditos de carbono estão obtendo ágios adicionais no momento da venda.   Cada hectare em sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou sistemas agroflorestais pode gerar receitas recorrentes com créditos de carbono, criando uma nova linha de receita para as propriedades rurais.     As Regiões e Tipos de Propriedades Mais Promissoras   1. Áreas de Pastagem Degradada: Oportunidade de Transformação Segundo a Embrapa, o Brasil possui 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para expansão agrícola. São propriedades que hoje têm baixo valor de mercado, mas que representam oportunidades extraordinárias de valorização. Por que são atrativas: Preço de aquisição relativamente baixo Alto potencial de valorização pós-recuperação Elegibilidade imediata para projetos de carbono Possibilidade de conversão para sistemas mais rentáveis O governo federal anunciou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, com meta de recuperar até 40 milhões de hectares em 10 anos. Propriedades nessa categoria serão as grandes beneficiadas pelos programas de incentivo.   2. Fazendas na Transição Amazônia-Cerrado Estas áreas apresentam características únicas para o mercado de carbono: Maior potencial de sequestro de carbono devido à biomassa Pressão internacional por conservação valoriza certificações Acesso potencial a fundos internacionais de conservação Possibilidade de múltiplas receitas   3. Propriedades com Reserva Legal Excedente Com a regulamentação do mercado de carbono pela Lei 15.042/2024, áreas de vegetação nativa preservada além do mínimo legal tornaram-se ativos com potencial de monetização através de créditos de carbono.     O Que Considerar na Hora de Investir Fatores Positivos (prós) 1. Múltiplas Fontes de Receita Uma propriedade moderna pode gerar receita de: Produção agrícola tradicional Créditos de carbono (mercado regulado e voluntário) Pagamentos por serviços ambientais Energia renovável   2. Acesso a Financiamento Privilegiado O Plano Safra 2024/2025 disponibilizou R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial, com linhas específicas para práticas sustentáveis com taxas diferenciadas.   3. Marco Regulatório Estabelecido Com a Lei 15.042/2024, o Brasil estabeleceu as bases legais para o mercado de carbono, criando segurança jurídica para investimentos de longo prazo.     Fatores de Atenção (contras) Investimento Inicial Significativo: A implementação de sistemas de baixo carbono e processos de certificação requer capital inicial considerável, além de conhecimento técnico especializado; Complexidade Técnica e Burocrática: Certificações exigem conhecimento especializado, monitoramento contínuo e processos documentais rigorosos; Mercado em Desenvolvimento: Apesar da regulamentação, o mercado de carbono no Brasil ainda está em fase de estruturação, com regras específicas sendo desenvolvidas; Tempo de Maturação: Projetos de carbono levam tempo para começar a gerar receitas consistentes. É investimento de médio e longo prazos.   Estratégias Para o Sucesso no Novo Mercado 1. Due Diligence Ampliada: Ao avaliar uma propriedade, não olhe apenas para produtividade atual. Avalie também: Potencial de sequestro de carbono baseado no tipo de solo e clima Elegibilidade para certificações ambientais Histórico de uso do solo (fundamental para estabelecer linha de base) Proximidade de projetos similares (economias de escala em certificação)   2. Diversificação Regional: Diferentes biomas oferecem diferentes oportunidades: Amazônia: Maior potencial de sequestro, mas com maior complexidade regulatória Cerrado: Equilíbrio entre produção agrícola e potencial de conservação Mata Atlântica: Oportunidades em restauração florestal Pampa: Pecuária regenerativa com potencial ainda pouco explorado   3. Parcerias Estratégicas: O sucesso neste mercado depende de expertise técnica. Estabeleça parcerias com: Consultorias especializadas em certificação de carbono Cooperativas que já desenvolvem projetos coletivos Fundos de investimento focados em sustentabilidade Empresas compradoras de créditos de carbono   4. Visão de Portfólio: Um portfólio equilibrado deve combinar: Propriedades produtivas tradicionais (fluxo de caixa imediato) Áreas com potencial de recuperação (valorização de médio prazo) Projetos de carbono em desenvolvimento (receita adicional futura) Reservas estratégicas (opções para futuros desenvolvimentos)   O Momento é Agora Com a sanção da Lei 15.042/2024, o Brasil tem agora um marco regulatório claro para o mercado de carbono. Segundo dados do governo federal, cerca de cinco mil empresas do setor industrial terão metas de descarbonização e poderão cumpri-las adquirindo Cotas Brasileiras de Emissão ou certificados de redução ou remoção de emissões. O Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, instituído pelo governo federal, visa transformar até 40 milhões de hectares em sistemas produtivos eficientes e de baixo carbono. Isso representa uma oportunidade sem precedentes para investidores imobiliários rurais.   O Futuro do Real Estate Rural O mercado imobiliário rural brasileiro está passando por sua maior transformação em décadas. Com a regulamentação do mercado de carbono e os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil, propriedades rurais não são mais apenas plataformas de produção agrícola – são ativos ambientais complexos com múltiplas fontes potenciais de valor.   Recomendações Finais Como CEO da RE/MAX AGRO, minhas recomendações para quem busca investir neste novo paradigma são: Não espere o mercado amadurecer completamente: As melhores oportunidades surgem para quem se posiciona cedo, ainda que com cautela calculada; Invista em conhecimento: Este mercado exige compreensão de aspectos agronômicos, ambientais e financeiros. Cerque-se de especialistas; Pense em horizonte de 5-10 anos: Valorização patrimonial ligada a atributos ambientais é jogo de médio e longo prazos; Considere o risco regulatório como oportunidade: Propriedades já adequadas às novas exigências terão vantagem competitiva crescente;

O Campo Conectado: A Revolução Digital nas Propriedades Rurais

Ilustração gerada por IA Generativa: Fazendas conectadas por RE/MAX AGRO

Tempo de leitura:  5 minutos Por: Alexandre Trevizan | CEO RE/MAX AGRO “Tenho um drone de última geração na garagem, mas só uso quando consigo conectá-lo à internet.” Esta frase, compartilhada por um produtor durante a Agrishow 2025, resume o desafio que muitos agricultores enfrentam diariamente: equipamentos avançados limitados pela falta de conectividade. Mas calma! As coisas estão mudando rapidamente – e para melhor. O PANORAMA ATUAL DA CONECTIVIDADE RURAL Segundo o mais recente Indicador de Conectividade Rural (ICR), apresentado pela ConectarAGRO na Agrishow 2025, a cobertura de internet 4G ou 5G nas áreas agrícolas brasileiras deu um salto expressivo, passando de 18,7% para 33,9% em apenas um ano! Além disso, quase metade (48,1%) dos imóveis rurais já conta com cobertura total em suas áreas agricultáveis. É um avanço considerável, embora ainda tenhamos muito a percorrer. POR QUE A CONECTIVIDADE VALORIZA SUA PROPRIEDADE Como especialistas no mercado imobiliário rural, temos observado um fenômeno crescente: propriedades com boa infraestrutura digital estão sendo negociadas com valores superiores em comparação a áreas semelhantes sem conectividade. Uma fazenda conectada se destaca por ser: RESULTADOS REAIS DA CONECTIVIDADE A Fazenda Conectada da Case IH, localizada em Água Boa, no Vale do Araguaia, demonstra claramente os benefícios da digitalização no campo. Desde sua implementação em 2021, os resultados são impressionantes: Estes números confirmam o que já suspeitávamos: a conectividade não é apenas uma conveniência, mas um diferencial competitivo que se traduz em resultados econômicos concretos. AS CAMADAS DA CONECTIVIDADE RURAL Entender que a conectividade vai além de “ter internet” é essencial para investidores e produtores. Uma infraestrutura digital rural completa inclui: Uma propriedade com todas estas camadas implementadas não é apenas uma fazenda conectada — é uma unidade de negócios integrada ao ecossistema digital global. SOLUÇÕES EMERGENTES PARA CONECTIVIDADE RURAL O campo brasileiro está vivenciando uma verdadeira revolução na busca por conectividade. Entre as soluções mais promissoras: 1. Minirredes Privadas 5G As novas regulamentações da Anatel permitindo redes privadas 5G estão viabilizando soluções locais de altíssima performance, especialmente em grandes propriedades.  2. Integração com Starlink e Outras Constelações de Satélites Serviços como Starlink estão transformando a realidade digital no campo, especialmente em regiões remotas, oferecendo alta velocidade mesmo em áreas distantes.  3. Soluções Híbridas Customizadas Combinação inteligente de diferentes tecnologias para maximizar custo-benefício, como fibra óptica na sede, 4G/5G nos pivôs centrais e tecnologias LoRaWAN para sensores em campo. O QUE CONSIDERAR ANTES DE INVESTIR EM CONECTIVIDADE Para produtores e investidores que desejam maximizar o valor digital de suas propriedades, recomendamos uma abordagem em três etapas: 1. Diagnóstico de Conectividade Realize um mapeamento completo das possibilidades antes de qualquer investimento: 2. Plano Escalonado de Implementação A conectividade rural deve ser implementada em fases estratégicas: 3. Alianças Estratégicas Nenhum produtor é uma ilha digital. As melhores soluções de conectividade rural envolvem parcerias: O QUE BUSCAR EM UM IMÓVEL RURAL “DIGITALMENTE PREPARADO” Se você está considerando adquirir uma propriedade rural, avalie estes aspectos de conectividade: 1. Infraestrutura existente: torres, antenas, fibra óptica 2. Cobertura de operadoras: mapa real de sinal de celular e internet 3. Topografia favorável: pontos altos para instalação de repetidores 4. Proximidade a backhaul: distância até pontos de acesso à internet de alta velocidade 5. Comunidade digital: presença de outros produtores tecnológicos na região A PALAVRA FINAL: CONECTIVIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA A conectividade rural deixou de ser um luxo para se tornar um componente essencial da competitividade no agronegócio moderno. Propriedades conectadas não são apenas mais eficientes — são mais valiosas, mais atrativas para talentos qualificados e mais preparadas para os desafios futuros. Como resumimos na RE/MAX AGRO: No agro de hoje, estar conectado não é apenas sobre acessar a internet — é sobre conectar sua propriedade ao futuro da agricultura global. E propriedades conectadas ao futuro são, inevitavelmente, mais valiosas no presente. Quer saber mais sobre como a conectividade pode valorizar sua propriedade rural? Entre em contato com a equipe da RE/MAX AGRO e descubra as melhores soluções para seu negócio!

Raio-X do Agro Brasileiro em 2025: Os Setores que Seguem em Alta (Apesar das Turbulências Globais)

Por Alexandre Trevizan (CEO da RE/MAX AGRO)Tempo de leitura: 7 minutos Se você é como a maioria dos investidores rurais, está se perguntando: “Onde está o ouro verde em 2025 (em meio a tantas reviravoltas no cenário econômico mundial)?” Afinal, não queremos apenas acompanhar o mercado — queremos estar onde o crescimento deixará todos de queixo caído, certo? A Nova Geografia do Crescimento no Agro Brasileiro O PIB do agronegócio brasileiro deve crescer aproximadamente 5% em 2025, segundo projeções da CNA, impulsionado por condições climáticas mais favoráveis e pela recuperação da produção agrícola depois dos desafios recentes. As previsões apontam para uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos na temporada 2024/2025, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Mas atenção, investidor esperto: essa expansão não será uniforme. Estamos vivendo uma “distribuição assimétrica de oportunidades” — expressão chique para dizer que alguns setores vão bombar enquanto outros podem patinar. E se você está prestes a fazer um investimento em terras rurais ou expandir sua operação, conhecer esses pontos quentes do crescimento pode ser a diferença entre investir em uma “Netflix do agro” ou em uma “Blockbuster rural”. Os 5 Setores com Crescimento Promissor em 2025 1. Proteínas Alternativas e Cultivadas: O Novo Eldorado O Brasil não está apenas dominando o mercado de proteínas convencionais. A revolução das proteínas alternativas chegou com força total, com crescimento acelerado no mercado nacional e internacional. Segundo a Allied Market Research, o mercado de proteínas alternativas tem mostrado expansão significativa, e o Brasil se posiciona como um importante produtor de matérias-primas para este segmento. “É como se estivéssemos assistindo ao nascimento de uma nova commodity”, comenta João Oliveira, produtor que converteu parte de sua fazenda para cultivo de matéria-prima para proteínas vegetais. As propriedades rurais adaptadas para fornecer insumos para este mercado tendem a ter valorização média acima das terras convencionais nos próximos anos e deverá entrar no cálculo do investidor imobiliário rural daqui para a frente. 2. Bioeconomia e Créditos de Carbono: Valorizando o que Estava Escondido As fazendas brasileiras estão descobrindo que têm um tesouro escondido: sua capacidade de sequestrar carbono e gerar receitas extras. O mercado de créditos de carbono, que em 2021 atingiu a marca de US$ 1 bilhão, deve saltar para impressionantes US$ 50 bilhões até 2030, segundo estimativa da McKinsey. O Brasil se destaca como protagonista, já que concentra 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais, com chances de atender a 48,7% da demanda mundial, conforme divulgado pelo Valor Econômico. Dica de especialista: Propriedades com reserva legal bem preservada e práticas regenerativas implementadas não são apenas ambientalmente corretas — são financeiramente mais valiosas e atraentes para investidores internacionais, especialmente com o Brasil presidindo o G20 e sediando a COP30 em 2025. 3. Culturas com Pegada Tech: Agricultura 5.0 As fazendas high-tech, com sistemas integrados IoT e manejo de precisão, estão redefinindo a produtividade e os retornos financeiros. Algodão, café especial e frutas para exportação lideram este movimento, com margens significativamente superiores às operações convencionais, graças à implementação de tecnologias de ponta que otimizam o uso de recursos e aumentam a eficiência produtiva. “Terras adaptadas para agricultura 5.0 não são apenas mais produtivas — são ativos que atraem um perfil de investidor diferenciado, com maior poder aquisitivo e horizontes de investimento mais longos”, explica Alexandre Trevizan, diretor da RE/MAX AGRO. 4. Sistemas Integrados: O Futuro é Multifuncional Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) continuam em expansão no Brasil, ocupando aproximadamente 20,1 milhões de hectares em 2024, segundo informações da Rede ILPF e Embrapa. Além da produtividade superior, estas propriedades têm um diferencial crucial para investidores: resiliência a crises climáticas e de mercado, conforme demonstrado em diversos estudos da Embrapa. Fazendas com ILPF consolidado estão obtendo resultados superiores em termos de produtividade e sustentabilidade, o que se reflete na valorização desses imóveis rurais no mercado. 5. Energia Agrícola: Colhendo Sol e Vento O agro não produz apenas alimentos. A geração de energia renovável dentro das propriedades rurais está se tornando um importante componente do faturamento e da valorização imobiliária. De acordo com a ABSOLAR, o meio rural já representa 8,8% do número de sistemas de geração distribuída solar fotovoltaica e 14,61% da capacidade instalada no Brasil, com crescimento significativo em 2024. “Uma propriedade rural com matriz energética estabelecida não é apenas uma fazenda — é quase uma pequena distribuidora de energia com atividade agrícola anexa”, brinca Ricardo Mendes, produtor do interior paulista. Onde a Expertise Imobiliária Faz a Diferença Em um cenário de especialização crescente, encontrar a propriedade rural certa para investimento exige conhecimento técnico que vai muito além da tradicional corretagem de imóveis. Considere estes fatores: Alexandre Trevizan, da RE/MAX AGRO, destaca: “Uma fazenda hoje não é apenas um pedaço de terra — é um ativo complexo com múltiplas camadas de valor potencial. Identificar essas camadas exige expertise especializada.” O mercado imobiliário rural brasileiro experimenta uma transformação estrutural sem precedentes, com o patrimônio líquido dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (FIAGROs) registrando expansão exponencial nos últimos dois anos, com incremento de 315%, saltando de R$ 10,5 bilhões para R$ 43,7 bilhões, conforme dados do portal do governo brasileiro (CVM). A Pergunta de 1 Milhão de Reais Antes de decidir onde investir em 2025, faça-se esta pergunta: o imóvel rural que estou considerando está posicionado para se beneficiar de qual desses setores em alta? Se a resposta não for clara, talvez seja hora de buscar uma consultoria especializada antes de assinar qualquer contrato. Afinal, no agro moderno, a diferença entre um bom e um excelente investimento raramente está no que se vê na superfície, mas no potencial oculto que apenas os especialistas conseguem identificar. Fontes: